Alvin Toffler, no seu livro Powershift, já preconizava a mudança do poder das chaminés (os grandes barões da indústria) para os detentores da informação. O poder passaria do tangível para o intangível, e cada vez mais centra-se-ia na informação.
No mundo atual, a mudança já é fato. E não basta ser informação: tem de ser on line. E não basta ser só on line: tem de estabelecer correlações tais que permitam extrapolar seus limites para orientação estratégica.
Na saúde, é a informação a grande fonte de redução de custos. Não tratamos aqui só dos sistemas antigamente chamados de PED: processamento eletrônico de dados. Estes chegaram para organizar, padronizar e agilizar processos internos de hospitais e clínicas, e das operadoras de planos de saúde. Tratamos aqui dos dados que cada sistema gera e que a Inteligência de Negócios, o chamado B.I., transforma em informação que serve de suporte a decisões, tanto operacionais como estratégicas.
O hospital que usa bem suas informações sabe quais operadoras são suas melhores clientes. Sabe, de cada paciente, quais são os antecedentes, suas alergias, preexistências, e tem condições de oferecer a melhor terapêutica de acordo com a condição pessoal de cada um. Mais: sabe, já na prescrição, quais são as interações medicamentosas dos tratamentos, as interações medicamento-alimentos e permite evitar desperdícios comuns a quem não tem informação.
A operadora que tem informações sabe quem são seus doentes crônicos, o que permite oferecer-lhes tratamento diferenciado, visando aumento da qualidade de vida e contenção dos gastos decorrentes de urgências e emergências. Sabe qual é o perfil de seus beneficiários, o que oferece a possibilidade de estabelecer as chamadas curvas de normalidade, atuando nos casos fora dessa curva. E pode, à vista dos procedimentos solicitados, fazer análise técnica criteriosa, em questão de segundos, sobre sua necessidade/viabilidade, o que, feito manualmente, consumiria longas horas e ainda muito sujeito a falhas de verificações.
Mais abrangente que processos estáticos como os relatados, a informação, trafegando em tempo real na rede, permite realizar ou negar procedimentos desnecessários ou não cobertos, reduzindo as ameaças mais comuns a operadoras e prestadores de serviço.
Não obstante suas enormes vantagens, ainda é incipiente a informatização dos players da saúde. Tende a crescer, instada por iniciativas como as da ANS, no que concerne à TISS e à TUSS, obrigação tecnológica que tem como consequência a automação de toda a cadeia de produção, seja de operadoras, seja de hospitais e clínicas.
Os resultados de tais informações permitirão, aliados às informações do SUS, estabelecer retrato fiel do perfil epidemiológico da população. E, caso o governo atue, os resultados podem significar enormes avanços em saúde pública no Brasil.
Mas toda tecnologia tem um custo, e as medidas seriam mais rápidas e eficazes se pudessem contar com fontes de financiamento para implementação. No Brasil, é mais fácil aprovar uma lei que permita grandes fusões que medidas que aproximem o crédito da cadeia (regular) de produção. Mas o caminho, cheio de pedras, já está indicado, e é inevitável: a informação e a informatização são elementos essenciais ao sucesso de qualquer empreendimento, ainda mais os da saúde, de variáveis e custos muitos.
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