O presidente da ANS, Fausto Pereira dos Santos, declarou à Folha de São Paulo (aqui, para assinantes), que as operadoras terão liberdade, a médio prazo, para que as próprias operadoras determinem seus índices de reajuste. Alega que o mercado está mais amadurecido, e que haverá um teto, específico para cada operadora, para que esses reajustes não sejam abusivos.\
Com os crescentes custos da medicina curativa, motivado pelo envelhecimento da população, pela inflação médica e pelos avanços das tecnologias voltadas para investigação e tratamento das doenças, há sérias dúvidas de que, tendo um teto, alguma operadora promova reajustes generalizados abaixo dele. A tendência é que sejam todos no limite do autorizado. Somente planos diferenciados e excepcionais sofrerão reajustes abaixo do permitido.
Algumas operadoras já estão praticando a medida. Nos casos de clientes com pequena sinistralidade (relação direta entre receita e despesas assistencial), já estão sendo oferecidos descontos, como medida fidelizadora. Ainda distante do modelo de prevenção, pratica uma prevenção cega, pois privilegia somente a diminuição do acesso aos profissionais, mas não incentiva a prevenção à saúde.
E nesse sentido está corretíssima o conjunto de ações da ANS visando fortalecer a visão da promoção à saúde, mudando os paradigmas que hoje vigoram, baseados na medicina curativa.
Também ajudará a esclarecer o real custo da população idosa, mas tratada. O idoso hoje representa altos custos por ser ainda refém da medicina curativa. Sem programas que os apoiem, passam pelos check-ups preventivos na medida de seu próprio interesse, sem grandes ações atraindo-os para essa importante prudência.
Um exemplo da falta de estímulo para esses programas é a co-participação, que é a participação financeira que o beneficiário tem no procedimento realizado. Para os casos de prevenção, que, em última instância destina-se precipuamente a reduzir custos, o beneficiário deveria/poderia ser dispensado da co-participação. Mas não é prática habitual, pois operadoras não têm (via de regra) controle sobre o fato de ser ou não preventiva a realização do procedimento. E não tem porque sua ação é reativa, não ativa nessa relação. E há também a questão da percepção dos beneficiários sobre procedimentos, relatada aqui.
Quando operadoras perceberem a força da prevenção e a força que a massa assistida representa, pode negociar com hospitais e demais prestadores a realização desses procedimentos em valores diferenciados. Tornando a prevenção mais acessível para o beneficiário e economicamente viável para a operadora.
Assim, sem que essas ações se concretizem, parece utopia o que afirma o presidente da agência mais ativa do Brasil. Pois os aumentos, limitados, imporão, como sempre, prejuízos às operadoras. E, nesse mundo ingrato da saúde suplementar, a necessidade de sobrevivência vai fazer com que os planos rentáveis paguem pelos não rentáveis. Ou seja, nada muda.
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