A necessidade que o mercado vem apresentando de que seja monitorado o tempo entre a solicitação da consulta e sua realização enfrenta alguns entraves operacionais para ser ativado. E não são pequenas.
Hoje, a ANS analisa somente dados financeiros e pós atendimento. E é por essas medidas, basicamente, que age sobre operadoras que representem riscos ao consumidor/beneficiário. Há muito a mídia especializada e órgãos de defesa do consumidor têm apontado a dificuldade na marcação de consultas ou mesmo na obtenção de leitos para internação como grandes problemas do mercado.
Para resolver essa questão, as operadoras teriam que controlar dois fatores que hoje são raros: a solicitação do procedimento (principalmente a consulta) e sua realização.
Nos casos de internações, por envolverem maiores custos, já há meio caminho andado, pois as operadoras emitem guias para que o procedimento seja realizado em regime de internação. Bastaria, portanto, criar mecanismo de controle para que se controlasse também a data da solicitação dessa guia de internação, o que daria, em conjunto com a data do efetivo atendimento, a real medida do tempo de espera.
As consultas, entretanto, não têm a mesma preocupação por parte das operadoras, que normalmente as controlam pelos prazos intervalares entre elas. Seria necessária emissão de guia/autorização, na data da solicitação, em nome de determinado profissional, e acompanhar a data da efetiva realização. Como consultas são procedimentos mais baratos que internações (a despeito da quantidade de exames que geram), as operadoras estão na zona de conforto com relação a elas. Os consumidores, não.
Quando o consumidor procura a rede para marcar sua consulta, a operadora não tem participação alguma. E não tem como saber se o médico “prospectado” tem data para sete ou cem dias. E impede a análise do tempo de espera dessa consulta. Resultados indesejados dessa falta de visibilidade e controle são a alta procura às consultas e urgência/emergência e a automedicação.
Tem aumentado significativamente, nos últimos anos, a falta de disponibilidade imediata de consultas, exceto em pronto-atendimento, que, a seu turno, tem encontrado filas cada vez maiores. O problema seria de oferta? Seria a falta de vontade do médico em se credencias junto a operadoras, por causa dos valores pagos? Seria a insistência do beneficiário em se tratar com profissionais conhecidos e de confiança (medida recomendada pelos especialistas)?
A adoção de controles, na operadora, com prestação de informações à ANS, poderia mostrar a real dimensão do problema. E poderia, na medida em que esses números ficassem conhecidos, ajudar a estabelecer indicadores para resolver os problemas, agregando-os aos do IDSS, por exemplo. E, mais: poderia dar a medida comparativa entre demanda e oferta de serviços na saúde suplementar, incentivando empreendedores a agir nesse mercado.
A concorrência ajudaria no equilíbrio entre oferta e demanda? Acredito que sim.
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