A ANS publicou ontem os resultados do Programa de Qualificação em Saúde Suplementar referentes ao ano de 2008. O índice ainda não traz consequências concretas nem para beneficiários nem para operadoras. Mas há a tendência de que o índice possa evoluir e se transformar em balizador tanto para os beneficiários adquirirem planos de saúde, como para orientar as ações diretas das operadoras na direção da prevenção a doenças de seus beneficiários.
No site da ANS está o link para conhecer o resultado de cada operadora, bastando informar o número do registro, o CNPJ ou o nome da operadora.Há também os links para conhecer os resultados de todas as operadoras e para o texto que embasa o programa.
O índice se baseia em quatro itens, a saber:
- Atenção à saúde (peso de 50%);
- Situação econômico-financeira (peso de 30%);
- Avaliação da estrutura e operação (peso de 10%); e
- Satisfação dos beneficiários (peso de 10%).
Embora a pirâmide de pesos pareça invertida, com valor maior para a atenção à saúde, em contrapartida à satisfação do beneficiário, há lógica na distribuição. O grande peso financeiro para as operadoras, atualmente, é o custo assistencial, claro. E ele está diretamente vinculado à saúde da população assistida, claro também. Pela lógica da ANS, quanto mais se dá atenção à manutenção da saúde, menor será o custo assistencial, pois que os indivíduos adoecerão menos, ou com intensidade menor.
Assim, se o custo da assistência médica se mover para a prevenção, a tendência é que as operadoras atinjam melhores resultados operacionais.
Ainda há um longo caminho.
A primeira dificuldade é que a prevenção, quando não falamos de doentes crônicos, é um custo adicional, pois dirige ações novas para a massa assistida. Essas ações não têm capacidade de gerar. a curto prazo, a redução de custos que se pretende. Diferentemente dos crônicos, para os quais as ações têm impacto imediato na redução do custo assistencial.
As operadoras, mergulhadas até o limite nos custos, precisam de oxigênio para implementar as medidas de prevenção. E ainda não horizonte para isso. A capacidade econômico-financeira das operadoras está diretamente vinculada à questão dos custos atuais da assistência curativa, e não foge das ações tradicionais de regulação.
Depois, há a questão cultural. Ainda há pessoas que não visitam o médico para não ouvir notícias ruins. Ou seja, se estão doentes, preferem viver na feliz ignorância do fato.
E a capacidade de atendimento das operadoras ainda está vinculada a essa cultura curativa, não preventiva. Daí que os hospitais sejam o principal foco das atenções nas negociações de valores de atendimento, em vício que exclui qualquer atividade preventiva que não represente redução imediata de custos.
Por fim, há o fato de que o índice ainda é estéril. No sentido de que não norteia qualquer ação, seja de beneficiários, seja de contratantes coletivos, que privilegie operadoras que tenham os melhores desempenhos. Neste ponto, a ANS está distante o suficiente da população para que não se dê importância (neste momento) a essa pontuação.
Mas a agência caminha na direção correta na criação e publicação do índice, e espera-se que ela possa gerar ações concretas de criar facilidades para as operadoras que se disponham a implementar sua políticas. Os beneficiários é que serão, com o perdão do (mau) trocadilho, beneficiados.
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