Segundo a legislação atual, a cobertura de medicamentos não é obrigatória, exceto nos eventos de internação. A recente manifestação do presidente da ANS, sinalizando que essa cobertura pode se estender aos outros atendimento causou rebuliço no mercado. Mas não deveria, se enxergássemos a floresta e não somente a árvore.
O grande flagelo dos planos de saúde no Brasil é a sempre crescente despesa da assistência médica, Concorre fortemente para essa circunstância a falta de prevenção culturalmente presente na população. Também concorre para isso os custos altos dos medicamentos, que afastam o doente crônico que, mesmo necessitando, tem forte impacto desse custo no seu orçamento. Também o medo atávico de consultas médicas, o que determina que as doenças sejam descobertas somente em estágios mais avançados, o que encarece (ou mesmo inviabiliza) o tratamento.
Ora, a medicação é medida altamente benéfica aos tratamentos, o que, ao menos em teoria, beneficia as operadoras, na medida em que evitam o surgimento de agravamentos na condições dos paciente/beneficiários. Embora haja o custo do fornecimento do medicamento, há a contrapartida na assistência médica, já que os agravamentos costumam ser mais custosos que a medicação.
Mas não somente o fornecimento de medicamento. A prevenção, de uma forma bem abrangente, é que terá a capacidade de mudar o paradigma de saúde no Brasil. As operadoras de planos de saúde, hoje, não têm esse horizonte de mudança de paradigma, daí sua resistência ao medicamento em si. ~
Então, embora seja muito apropriada a colocação do presidente da ANS, ela cai em terreno infértil: as operadoras, fora honrosas exceções, ainda estão de tal forma assombradas pela sinistralidade que enxergam tudo como custo adicional, sem uma análise mais racional das proposições. Grande exemplo disso é a quantidade de programas de prevenção voltados para idosos registrados na ANS. Motivado pelo alto custo gerado para essa população, claro. Mas ainda é pequena a quantidade de programas voltadas para os saudáveis e com graus leves de manifestação de doenças.
Então, a hora é boa para discutir a mudança de paradigma. A ANS está mostrando claramente ser essa sua diretriz.
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