26 janeiro 2010

Indicadores na saúde suplementar

 http://www.istockphoto.com/file_thumbview_approve/6447261/2/istockphoto_6447261-taking-notes.jpg A ANS, com seu Programa de Qualificação na Saúde Suplementar, deu um passo importante para oferecer medidas quantitativas e qualitativas para que seja possível avaliar o atendimento das operadoras de planos de saúde e sua qualidade (inclusive no que se refere a prevenção de doenças). Ainda em estágio inicial, sem causar impactos profundos na ação ou na cultura da saúde suplementar, a medida é elogiável.

Mas ainda há um aspecto que precisa receber atenção da agência. Crescem, e crescem muito, as reclamações sobre o tempo médio de espera por consultas nas operadoras. Em certas especialidades, a espera é de vários meses, e nem as mais comuns têm consultas disponíveis na medida em que precisam os beneficiários.

Por seu turno, as operadoras reclamam dos custos das consultas em Pronto Socorro, normalmente mais caras que as realizadas em consultório. E “conscientiza” os beneficiários, mostrando que, ao utilizar dessa forma o pronto socorro, acaba tendo uma conta maior, seja pelos reajustes (no caso dos contratos coletivos), seja pela co-participação imposta, quando cabível.

Mas o beneficiário, mesmo “conscientizado”, quer mesmo é uma consulta. E, de preferência, com seu médico, não com aquele que o plantão de hospital lhe oferece. E, ao tentar marcar uma consulta, ou espera alguns meses ou vai a um pronto-atendimento. Simples assim.

Mesmo nas cooperativas de médicos, as Unimed, o problema se apresenta. Nestas, o senso comum sugere que deveria ser diferente, mas não é o caso. Há reclamações de beneficiários tanto de cooperativas como as há de outras modalidades de operadoras.

E as reclamações sobre a espera para a consulta sempre vem acompanhada da observação, às vezes maldosa, de que, fosse particular a consulta, teria para os próximos dias ou horas, abreviando em muito a espera.

Qual a diferença? A consulta particular é paga na hora, a valores maiores que aqueles pagos pelas operadoras. BEM maiores. Claro que os médicos darão prioridade a estas, então. (Há exceções, mas a regra é essa).

A ANS deveria, então, da mesma forma que fiscaliza os hospitais da rede, criar indicadores para avaliar o tempo médio de atendimento por especialidade em consultas médicas. Não basta ter profissionais, é preciso ter agenda para atender aos beneficiários. Para internações, as negações sempre são controladas, e sempre há muita controvérsia quando se nega uma autorização para tal. Para consultas, não há essa mesma exposição.

A ANS tem suas médias de consulta por beneficiário por ano. As operadoras têm as suas. É uma conta simples: é o número de beneficiários vezes a quantidade média histórica de consultas por ano para determinar quantas consultas serão necessárias. Divide-se a capacidade média de consultas por médico VEZES o número de médicos cadastrados (ou cooperados) para que tenhamos um número referencial para considerar como meta de oferta.

Há aperfeiçoamentos, claro. Especialidades que demandam maior tempo de atendimento, especialidades com maior procura, sazonalidades, etc.. Mas o ponto é que informação há, e um pouco de boa vontade da agência poderia minimizar os problemas dos beneficiários.

Cinco meses por uma consulta? Parece o SUS, de quem o público da saúde suplementar quer escapar.

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