Muito se tem falado sobre a nova onda que promete revolucionar a saúde: wearables (tecnologias vestíveis) e IoT (internet das coisas ou internet of things). Quão distantes estamos dessas tecnologias?
As tecnologias vestíveis prometem monitoramento contínuo de funções vitais e circunstanciais das pessoas, permitindo agir imediatamente em caso de situação adversa ou perigosa. Seria utilizada na saúde como forma de acompanhamento das pessoas com doenças crônicas, por exemplo, para transmitir informações de controle aos seus cuidadores/médicos, permitindo-lhes agir imediatamente em casos considerados de risco.
A internet das coisas (IoT), da mesma forma, auxiliada ou não por vestíveis, monitora a condição de indivíduos e permite ação de determinados aparelhos na presença de algumas condições. Acompanhamento do ciclo de sono de um indivíduo ou liberação de medicação no soro de alguém que manifestar febre, são exemplos de IoT.
As possibilidades são muito e promissoras. Operadoras de planos de saúde utilizariam essas tecnologias para prevenção de agravamento de condições de beneficiários e hospitais poderiam ter maior automatização de controle assistencial.
Medidores de pressão hoje são comprados a custos baixíssimos. De outro lado, os custos de atendimento/tratamento de doenças causadas pela hipertensão são altíssimos. Nem por isso operadoras de planos de saúde saíram distribuindo esses equipamentos aos seus beneficiários. A máxima “melhor prevenir do que remediar” não se aplicou neste caso.
Situação idêntica ocorre com medidores de glicose. Mesmo que as complicações decorrentes da diabetes tenham custo financeiro muito alto, e custos pessoais ainda mais altos, não se vê operadoras distribuindo esses equipamento. Ou hospitais.
O fato é que esses equipamentos podem ser revolucionários, sim, mas em esfera pessoal. Pessoas com acesso a eles e poder aquisitivo é que movimentarão esse mercado, não os hospitais e operadoras de saúde.
Operadoras de planos de saúde não trocam o certo pelo duvidoso. gastar num equipamento que pode não ser utilizado por um público que não busca grande parte dos exames realizados parece ser um passo grande demais na confiança da efetividade dessa revolução. E hospitais têm a grande possibilidade de utilização dessas inovações exclusivamente em suas dependências. Uma vez liberado o paciente, por que monitorá-lo nesta lógica de pagamento por serviço prestado e não sinistro evitado?
Por isso, wearables e IoT têm um destino, na Saúde Suplementar, parecido com o medidor de pressão: cabe ao beneficiário/paciente cuidar de si mesmo. Por mais revolucionárias que sejam as tecnologias.