A saúde suplementar tem, ao menos retoricamente, várias medidas para enfrentar as constantes altas das despesas médicas, visando diminuir sua sinistralidade.
Mas será que essas medidas são realmente adotadas?
O mercado é de grandes números. Na adoção de medidas para diminuir despesas é preciso olhar a floresta, não somente a árvore. Assim, a atenção a um grupo pequeno de indivíduos pode gerar algum ganho, mas que dificilmente se refletirá de forma decisiva nos números da operadora. É certo que vários pequenos grupos podem fazer isso. Mas não é a prática que se verifica.
Controle de sinistralidade
Por controle de sinistralidade entenda-se diminuição. Mas são poucas as operadoras de têm a sinistralidade como um de seus KPI. Raras são as que mantém internamente esse número divulgado. Aos finais de períodos de apuração é que buscam alguma razão e, superficialmente, projetam soluções nunca ou raramente implementadas.
Destaque-se que o KPI é composto por vários sub-indicadores, cuja evolução permitiria à empresa adotar linhas de ação emergenciais ou, no mínimo, compreensão do problema. Não é o que ocorre.
Prevenção de doenças e promoção da saúde
Apresentada como a salvação da saúde suplementar, a prevenção de doenças apresenta implementações de algum sucesso em algumas operadoras e abordagens absolutamente dispensáveis em outras. Há modas no setor, como atenção a idosos e programas antitabagismo. Também há abordagens de potencial excepcional, como a atenção às cardiopatias.
O problema aqui é que a ação efetiva depende da adesão do beneficiários, que nem sempre enfrenta seus males. A adesão é relativa, principalmente se deslocar o beneficiário de sua região de domicílio (consultas e exames em locais definidos pela operadora). Outra dificuldade é justamente a despesa gerada pelos procedimentos de caráter de controle, consultas e exames. Significam despesas e, embora possam ser menores que as despesas de um agravamento do estado de saúde, tendem a ser avaliados, no momento de sua realização, apenas como transação contábil; débito, portanto.
A promoção da saúde é medida intangível demais na maioria dos casos, exceção às autogestões, que têm seu público (ao menos os titulares) concentrados em um determinado ponto. Ademais,a promoção depende de incentivos muitas vezes não disponíveis para gerar a adesão. A distância mental da doença leva os indivíduos a não priorizá-la totalmente. E os programas de promoção normalmente são inócuos (da forma como são conduzidos de maneira geral).
A ANS editou a Resolução Normativa 265 em 19/08/2011 estabelecendo critérios para bonificação aos beneficiários, mas limitou-a à adesão e participação no programa, proibindo-a para atingimento de metas pessoais (emagrecimento, por exemplo). O que tirou toda a atratividade da medida.
Informações Gerenciais
O tão aclamado BI tem sido uma das tentativas de melhorar o resultado das empresas de saúde. O sucesso é apenas relativo, seja porque as bases de dados em que se baseiam não são confiáveis, seja porque não há exploração de informações latentes que permitam às empresas identificar pontos de melhoria.
Em grande parte das empresas o BI se mostra como um gerador de relatórios mais flexível e mais completo que os relatórios dos sistemas de gestão. E, sem gestão por indicadores, torna-se difícil adotá-lo como referência para ações ou mesmo para prospecção de melhorias.
Tecnologias emergentes
Muito se tem falado sobre BIG DATA e IOT (internet das coisas). Também é estrela nos eventos de saúde suplementar a “análise preditiva”. Qualquer uma delas é uma evolução para as tecnologias referidas anteriormente. Nenhuma delas tem chance de sucesso enquanto os dados não tiverem governança, a empresa não tiver capacidade de aprender com seus próprios dados e se a essa empresa não conseguir concretizar projetos de melhoria.
Enfim, tudo passa pela qualidade do dado, capacidade de gerar informação, e capacidade de transformação transformação em ganhos.