Todos os setores da sociedade, em maior ou menor grau, se beneficiaram dos avanços das comunicações nos últimos anos, inclusive a revolução causada pela internet e pelos celulares conectados. O setor governamental avançou muito nos setores em que há interesse imediato, como no caso da Receita Federal, e avançou quase nada em outros setores mais negligenciados, como a identificação única do cidadão.
Na saúde os avanços foram díspares. Na saúde pública, embora tenha havido um avanço, quase nada se beneficia das melhorias na comunicação exceção feita às grandes instituições que sempre estão na vanguarda. Na saúde suplementar os avanços foram bem maiores. Sem, entretanto, motivos para comemoração. As ações da Agência Nacional de Saúde (ANS) definiram e padronizaram o setor, mas ainda há muito a avançar.
Como característica, a saúde suplementar é muito dispersa e relativamente capilarizada. A grande quantidade de prestadores de serviços, que pode ser consultórios, clínicas, laboratórios e hospitais, dentre outros, pressupõe uma grande quantidade de fornecedores de sistemas de informações, causando uma consequente diversidade de tecnologias. E é esse um dos problemas. Sistemas mais antigos que não se conversam, e sistemas mais atuais, com “conversas” caras. Dessa forma, a padronização importa pela ANS trata das questões, basicamente, da admissão do paciente (com a autorização da operadora, se for o caso) e do pagamento da conta médica. Do ponto de vista da operadora, informações parcas para gerenciamento (administrativo e clínico) desejado.
Ao mesmo tempo, os prestadores de serviços médico-hospitalares (PSMH) não são obrigados pela norma da ANS por um desses vácuos legislativos/normativos. A operadora de planos de saúde (OPS) e que arca com as cominações quando um prestador seu não atenda e uma determinada regra. Como o “compliance” tem um custo, nem sempre o PSMH tem interesse ou verba para cumpri-lo.
Ainda assim, os resultados são visíveis.
Exames desnecessários são realizados por falta de informação, assim como procedimentos e internações. Embora represente despesa desnecessária para a operadora, representa mais ainda a submissão do paciente a atendimentos ineficientes e custosos, em termos de tempo e desgaste. Ao médico, a falta de informações obriga a uma investigação sempre completa e por vezes tediosa. E ao local do atendimento, seja clínica, consultório ou hospital, representa lotação crescente e insatisfação idem por parte dos pacientes.
Como solução para mitigar esses problemas é a adoção de interoperabilidade entre os sistemas de informações entre OPS e PSMH. A troca de informações, de preferência em tempo real, oferece à OPS a oportunidade de interagir com o atendimento em andamento, apresentando informações relevantes sobre o paciente aos médicos assistentes. Em contrapartida, o PSMH tem suas ações consensadas on line, o que diminui ou elimina glosas, sempre um ponto de atrito entre ambos.
Essa interoperabilidade oferece à OPS oportunidade real de manter histórico sempre completo de seus beneficiários; ao PSMH oferece informações completas sobre o seu paciente, levando maior assertividade aos diagnósticos e tratamentos. Como resultado final, há a diminuição das despesas das operadoras, menor tempo de atendimento do beneficiário e diminuição das filas nas recepções.
Todos ganham.