O horizonte da saúde suplementar era, nos últimos anos, de aquisições e fusões. Mas as liquidações de operadoras acabaram surpreendendo. Isso apesar da aquisição da Amil pela United Health e das transferências de carteiras entre algumas operadoras (Unimed Rio e Golden Cross, por exemplo).
Em 2014, os movimentos de 2013 terão sequência, ao que parece. Continuarão as liquidações de operadoras, mas sempre com portabilidade especial. Já é história a alienação de carteiras e parece que não agradaram nem mesmo aqueles que deveriam ser beneficiados. A liquidação, entretanto, também não agrada. Basta ver o caso da Unimed São Luís, cujo prazo de portabilidade foi estendido e estendido.
O chamado monitoramento dos planos de saúde deve continuar. Operadoras continuarão a ser punidas com suspensão na comercialização de planos, e o clima de guerra entre operadoras e ANS deve recrudescer. A medida pode ser popular e ter seus apoiadores dentre os formadores de opinião. Mas, afinal de contas, como ela contribui para resolver o problema da oferta de serviços das operadoras? O problema parece ser mais estrutural do que de má-fé das operadoras. Separar o joio do trigo parece ser essencial para entender o problema e resolvê-lo. Num primeiro momento, em que o ministro da saúde anunciou triunfalmente as primeiras suspensões, parecia mais marketing de guerrilha do que ação construtiva. Depois de várias punições, embora o ministro tenha se reservado mais, ainda parece que as medidas são somente marketing.
Também continuarão as dificuldades relativas à quantidade de prestadores de serviços médico-hospitalares (PSMH) no mercado. A começar pelos médicos. Como esse é um assunto que mereceu amplas discussões em 2013, vamos ao próximo problema: hospitais. Se o problema de hospitais fosse exclusivo da saúde suplementar, os hospitais do SUS teriam uma outra realidade. Mas o problema é estrutural. Faltam hospital de uma forma generalizada. Mesmo nos centros considerados de maior oferta (sudeste e sul) já é notória a falta de leitos. Nas demais regiões o problema se agrava. Ações para incentivar a criação de novas unidades inexistem. A modalidade de operadora que mais poderia investir nessa área seriam a das seguradoras (por causa de seu tamanho e grupos empresariais). Não podem, entretanto, por restrições legais. Resta a elas comprar serviços, mergulhando no problema da negociação de valores. As medicinas de grupo estão às voltas com seus velhos problemas financeiros, tendo ou não hospital(is), à exceção de algumas (poucas). E as autogestões não deveriam mesmo investir a não ser de forma associada, o que parece ainda não ser uma possibilidade.
A TISS 3.0 deve ser implementada em 2014, numa movimentação bem intensa nos departamentos de informática das OPS. Não há dados para calcular a despesa que essas tiveram para fazer as adequações de sistemas, mas com certeza foi grande. Então, 16 anos depois da lei 9.656, com graves problemas de sustentabilidade de operadoras, outros graves problemas na garantia de atendimento, dentre outros, foi criada uma exigência enorme que consumiu muita energia das operadoras para resolver o problema … do que mesmo?
O ano de 2014 deve ser um ano bem parecido ao de 2013, com aprofundamento em alguns problemas. Como o ano é eleitoral, deve haver poucas mudanças no cenário (real) da saúde suplementar. Mas ao menos, os eleitores teremos, nas propagandas políticas da TV, o melhor dos cenários.
Mas tomara que tudo mude.