21 junho 2011

A publicação da RN 259, que trata dos prazos máximos de atendimento em saúde suplementar, é uma divisor de águas. Pretende finalizar o drama de muitos beneficiários, mandando a conta para a operadora. Não é completa, entretanto.


Os prazos são contados a partir da demanda do beneficiário. Mas hoje, exceto nas operadoras que têm serviços próprios,o beneficiário procura diretamente a rede prestadora (casos de consultas). Nesses casos, como será realizado o controle da data inicial da demanda? O beneficiário precisa entrar em contato com a operadora para que esta faça o agendamento? Será uma mudança substancial de procedimentos.
Outro ponto importante é a questão das cirurgias eletivas. O médico a recomenda e espera que o beneficiário a realize em hospital onde preste serviços. E se este não tiver data nesse prazo? Muda-se o hospital e o médico?
O fato é que ainda há uma grande zona de incertezas no processo de credenciamento. O hospital que vende seus serviços o faz a quem tenha interesse de comprá-los, ao preço apresentado. Isso faz com que cem leitos de um hospital, por exemplo, sejam “negociados” com várias operadoras ao mesmo tempo, o que pode causar um “overbooking”. Nem sempre haverá leitos para todos.
Com médicos se dá o mesmo., O profissional se credencia perante todos os planos de saúde sem garantir agenda. Se a demanda por consultas “particulares” for grande, são as consultas dos planos de saúde que são postergadas.
Certamente a questão da remuneração é fator diferencial.
Também se pode observar a verticalização dos serviços médicos-hospitalares. Operadoras, premidas pela regra (e pelas sanções) devem começar a contratar médicos nas especialidades mais problemas com relação à oferta, para garantir esse prazo. E a tendência lógica é expandir a oferta desses serviços próprios. Desta forma, a discussão sobre verticalização passa a ser acadêmica. Estaremos numa condição de “quando”, não mais “se”.
O consumidor nesse processo de verticalização há de experimentar um processo algo diferenciado em relação à rede aberta. Os profissionais médicos contratados pelas operadoras terão maior disciplina na observância de protocolos (para as operadoras mais focadas em custos e qualidade), o que não é necessariamente ruim, embora parte dos médicos e da imprensa qualifique isto como intromissão.
Uma missão importante das operadoras é manter receitas e despesas compatíveis entre si, o que as força a procurar formas de lidar com os aumentos de custos. Se a adoção de protocolos é um inconveniente para alguns do mercado, para a operadora é o processo institucionalizado de melhores práticas, ao menos no seu próprio âmbito.
Enfim, agora é esperar que os processos se acertem, para avaliar o efeito das medidas.Torcemos que os problemas diminuam.

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