As recentes notícias sobre estudos em curso na ANS sobre abordagem de previdência privada para a saúde é uma boa notícia. Para aqueles que vêm o plano de saúde como item financeiro. E só!
Qualquer abordagem de qualidade (qualquer, mesmo) iria tentar descobrir as causas do agravamento dos custos. E, pelas causas, viriam as propostas de solução. Pois bem, aqui vão algumas causas:
Envelhecimento da população: é fato que as pessoas estão vivendo mais. Como é fato que, com a idade, há maior consumo de serviços de assistência médica. As projeções para o Brasil, para 2050, são de crescimento drástico, o que causará um grande impacto nos custos da saúde, inviabilizando a saúde pública e a saúde suplementar se nada for feito. A distribuição pelas faixas etárias será esta, e por ela compreende-se o drama do aumento da longevidade para a saúde:
Aumento da prevalência de doenças crônicas: segundo estudos realizados por órgãos de saúde, o fenômeno é mundial. Há cada vez mais doentes crônicos (em termos relativos e absolutos), e cada vez mais nas faixas etárias mais jovens. Anteriormente conhecidas como doenças da terceira idade, ou no mínimo de adultos, a hipertensão arterial e o diabetes, por exemplo, já grassam entre jovens e crianças. Óbvio o impacto que isso tem nos custos da assistência médica.
Ausência de políticas (e cultura) preventivas: o paradigma que impera é o assistencial. (Quase)Todas as atenções estão voltadas para o tratamento da doenças, e não para a prevenção. A ANS tem dado sinais de que deve haver foco na prevenção, mas a concretização de políticas desse tipo é bem lenta. Ademais, operadoras de planos de saúde estão às voltas com o aumento das despesas assistenciais (inflação médica, judicialização, etc), ao mesmo tempo em que se deparam (mas não enfrentam) problemas de ordem interna, o que aumenta as despesas administrativas. Em suma, não há espaço para manter a saúde, a não ser, timidamente, nas chamadas autogestões (planos próprios de saúde, autogeridos). A ausência de prevenção, em todos os seus níveis, faz com que haja incidência cada vez maior de doenças crônicas evitáveis ou gerenciáveis, e é inequívoco seu impacto nos custos da saúde.
Hábitos pessoais: estudos de diversas fontes mostram que os hábitos que influem diretamente na manutenção da saúde são poucos (alimentação saudável, atividade física e eliminação do tabaco), mas com o pdoer de evitar muitas das doenças crônicas, câncer inclusive. Apesar disso, a adesão a esses hábitos é baixa. E justamente esse componente cultural teria um impacto altamente positivo na diminuição dos custos da saúde.
Pois bem, o que se infere das informações acima é que é necessário cuidar da saúde, não somente tratar da doença. O custo financeiro da prevenção é baixíssimo, sem falar do custo emocional que as doenças trazem. Apesar disso, prefere-se discutir formas de financiamento dos tratamentos de saúde, em vez de financiar medidas preventivas. Campanhas de esclarecimento, acesso a facilitadores, financiamento de monitoramento de doentes crônicos e pessoas com risco de desenvolver doenças (motivados pelos hábitos, comportamentos, meio). Ou mesmo a investigação de doenças nas populações de maior risco (pela idade e sexo, e localização geográfica, por exemplo), o que proporcionaria a descoberta precoce de doenças e aumentaria as chances de cura.
A discussão é necessária: precisamos estabelecer formas de financiar os tratamentos contra doenças. mas precisamos, urgentemente, financiar medidas preventivas. Saúde em primeiro lugar.
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