15 junho 2010

Custos na saúde suplementar

1199969_yoga_silhouette_series_2[1] Os profissionais do setor encaram com naturalidade o sistema de financiamento dos planos de saúde brasileiros: os mais jovens pagam pelos mais velhos. Ou, de forma mais acurada, os que utilizam menos pagam pelos que mais utilizam.

Não é segredo que, com a idade, aumenta o consumo de serviços de assistência médica curativa. Essa realidade existiria e existirá em qualquer modelo de operação do setor, porque é a ordem natural das coisas. Mas o tamanho da conta não precisaria ser desse tamanho. E nem os serviços consumidos.

Stephen Covey, no seu livro os Sete Hábitos de Pessoas Muito Eficientes, professa os cuidados que se deve ter entre a produção e a capacidade de produção (P/CP), referindo-se aos cuidados com a saúde (física e mental). Levemos ao extremo esse conceito, e teremos cuidados, já desde a mais tenra idade, com a alimentação, por exemplo. Só isso já eliminaria a grande incidência de obesidade e sobrepeso em criança, fenômeno que está cada vez mais comum, a ponto de ser maior que a desnutrição. Se os cuidados, considerados todos os riscos e tendências genéticas, as crianças cresceriam saudáveis, e chegariam à meia idade com a saúde em dia. Isso não quer dizer que não tivessem manifestados doenças, mas que o teriam feito com menor incidência, ou que sua descoberta (das doenças) fosse feita sempre de forma precoce (determinante para o sucesso de muitos tratamentos). Um indivíduo com esse histórico chegaria à terceira idade com histórico de doenças certamente diferente daquele que teria se não se prevenisse.

No mundo ideal, haveria um plano de saúde (o outro, aquele que conhecemos, seria chamado de plano de doença), pois esse seria seu foco: manter a saúde, não simplesmente tentar restabelecê-la, na sua totalidade ou na porção possível. Assim, consultas e exames seriam realizados somente para atender a protocolos de prevenção de riscos e doenças, e, mais raramente, para tratar de doenças crônicas evitáveis.

Se evitáveis, mas não evitadas, hoje essas doenças crônicas representam custo, e custo alto, que é a conta da saúde (suplementar ou não). Pagamos todos pelos indivíduos que não se cuidam, dentre os quais, muitas vezes, estamos incluídos. O grande desafio, hoje, é impedir a manifestação dessas doenças, de um lado mais maquiavélico pelos custos que representam, e por outro lado, mas disney, pela qualidade de vida do indivíduo.

Seja qual for a motivação, o fato é que o plano de saúde (na concepção da prevenção), mesmo baseado no rateio dos custos entre os que consomem diferentemente seus serviços, seria muito mais barato. Em vez de termos essa diferença quase proibitiva entre as faixas etárias, teríamos uma com patamares menores e, portanto, de maior acessibilidade.

Os planos de saúde deveriam se diferenciar pelos planos de doença na responsabilização do indivíduo pelo cuidado que ele tem consigo mesmo. A ingestão de alimentos não saudáveis, comportamentos de risco, etc., deveriam agravar o preço da assistência médica desse indivíduo, assim como o o comportamento consciente deve diminuir sua despesa com o “convênio” médico.

Claro que é uma idéia ainda orwelliana, já que parece ser de cunho totalmente autocrata.

Vejamos, viver melhor, com mais saúde, gastando menos com o plano de saúde, e isso é autocrata? Não sei, acho que me perdi no raciocínio…

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