Macunaíma, o anti-heroi de Mário de Andrade, tinha duas frases que proferia amiúde. A primeira delas o qualifica como o "heroi sem caráter" de nossa literatura:
- Ai, que preguiça.
A outra, mais profunda, era uma conclusão a que ele chegava após se surpreender com algumas coisas:
- Muita saúva e pouca saúde, os males do Brasil são.
Desta frase retirei o título deste blog, que procurará tratar das notícias do sistema de saúde brasileiro. Sistema complexo, não pela estrutura, mas pelas dificuldades que enfrenta.
A iniciar pela credo coletivo de que o SUS deveria ser a oitava maravilha do mundo. Nem nos Estados Unidos o Estado fornece o serviço na qualidade que aqui se exige. É verdade que comparações de qualidade são uma covardia. Mas o fato é que o seguro saúde dos EUA equivalem aos nossos planos de saúde. Aliás, suplementares.
Estes, com a lei (9656) que regulamenta o setor, passaram a ser a nova salvação saúde da pátria. De fato, as operadoras passaram por um processo de adequação, o que eliminou muitos aventureiros e, ao longo do tempo, vem promovendo processo seletivo, de onde restarão somente as mais preparadas, com medidas de gestão ou fusões e incorporações.
O problema é que a tentativa de resolver problemas estruturais por lei não passa de quimera. Os custos da saúde são crescentes, por conta dos custos das tecnologias, de um lado, e da exigência dos beneficiários por exames, de outro.
Claro, há mais componentes nesse custo. Mas esses dois parecem ser os dois extremos.
Tecnologias surgem para melhora do sistema. Mas têm seu custo. Vamos dizer que, para combater esses custos não vamos utilizá-las? Claro que não. Então, convivamos com a questão.
Os beneficiários, estes precisam de esclarecimentos. Muitos, quando vão aos consultórios, não saem satisfeitos se o profissional não pedir um examezinho. Qualquer um. A soma desses examezinhos, por mais baratos que sejam, pela frequência, representa um grande percentual do custo das operadoras. E muitos beneficiários nem chegar a ir buscar os resultado.
O que se espera, agora, é que haja o equilíbrio entre os atores desse negócio da saúde. Operadoras com muito poder de negociação, hospitais e clínicas se submetendo ao poder daquelas, usuários que acham que cuidar da saúde é pagar um convênio, e todos esses elementos assombrados pelo mesmo ponto: custo.
Apresentar a visão de cada um destes atores é o que pretende este blog. Tarefa ingrata, que parece a de meter a colher em briga de marido e mulher.